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quarta-feira, 28 de abril de 2010

Ter ou não ter namorado, eis a questão

Faz teeeeempo que estou pra postar este texto...



Quem não tem namorado é alguém que tirou férias não-remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão, é fácil. Mas namorado, mesmo, é muito difícil.
Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega do lado dele a gente treme, sua frio e quase desmaia pedindo proteção. A proteção não precisa ser parruda, decidida ou bandoleira: basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.

Quem não tem namorado é quem não tem amor, é quem não sabe o gosto de namorar. Há quem não sabe o gosto de namorar... Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento e dois amantes, mesmo assim pode não ter nenhum namorado. Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema sessão das duas, medo do pai, sanduíche de padaria ou drible no trabalho. Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar sorvete ou lagartixa, é quem ama sem alegria. Não tem namorado quem faz pacto de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade ainda que rápida, escondida, fugida ou impossível de durar. Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas, de carinho escondido na hora em que passa o filme, de flor catada no muro e entregue de repente, de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque lida bem devagar, de gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada, de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete interplanetário.

Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado, de fazer cesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor. Não tem namorado quem não redescobre a criança própria e a do amado e sai pelos parques, fliperamas, beira d’água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da metro. Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem gosta sem curtir, quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada, ou meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais. Não tem namorado quem ama sem se dedicar, quem namora sem brincar, quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele. Não tem namorado quem confunde solidão com ficar sozinho e em paz. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo. Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando duzentos quilos de grilos e medos, ponha a saia mais leve, aquela de chita e passeie de mãos dadas com o ar.

Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteria.

Se você não tem namorado é porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário a fazer a vida, para de repente parecer que faz sentido. ENLOU-CRESÇA.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Momentos de reflexão...



Hoje acordei meio estranha. Feriado no meio da semana só serve pra me dar mais preguiça.

Eu ando me cobrando demais de algo que eu nunca achei que teria dificuldade: eu não sei o que quero da minha vida. Eu sei das coisas que não quero, mas entre tantas opções do que sonhar, eu ando cada vez mais distante de chegar a qualquer lugar porque sempre mudo meu foco de acordo com as fases da lua...

Eu sei que não quero a Petrobras. Isto é fato. Mas já não sei se suportaria voltar para trás mais uma vez e voltar para a Caixa (o fator grana tá pesando). E por querer ir trabalhar no navio, fico na dúvida de ficar aqui mais um tempo ganhando bem e deixar a Caixa para quando voltar (pedir demissão hoje não me doeria nem um pouco) ou se volto para a CEF e arrisco a remota chance de um afastamento não-remunerado... E nisso, faltam só duas semanas para o concurso e, pra variar, cadê de eu estudar?

No trabalho, além de odiar, agora me sinto uma incompetente sem medida. Sofro para comprar qualquer bostinha, não tem material de consulta, ninguém tem tempo de me ensinar e eu fico com vergonha de toda hora ficar pedindo ajuda. Gosto de autonomia, odeio quando me designam pra fazer uma coisa e não me dão condições pra isso.

Eu sei que preciso terminar a faculdade, mas ao mesmo tempo não tenho mais paciência para estudar. E sei que, mesmo com a faculdade, ainda teria que me empenhar numa pós-graduação e pelo menos num mestrado. Em contrapartida a isso tudo, não me vejo dando aulas de Matemática para uma sala cheia de alunos, sejam eles quais forem. A minha falta de paciência minaria qualquer carreira em dois tempos.

Eu quero fazer cursos, muitos cursos. Francês, espanhol, alguns de PNL, fotografia (preciso terminar isso)... Ao mesmo tempo, quero juntar dinheiro para viajar no ano que vem, trocar meu equipamento fotográfico, fazer a minha cirurgia a laser e a otoplastia...

Eu paguei a certificação do CPA-10 há três meses e nunca estudei... Vou perder o dinheiro que gastei... "Gerente de contas middle and corporate"... Tenho a mina de ouro e, pra variar, essa maldita falta de força de vontade não me faz andar pra lado nenhum: nem aqui dentro, nem pra algum concurso que preste, nem pra esse "tesouro", nem pra área da Matemática, nem pra porcaria nenhuma...

Sinto carência, mas não quero namorar. Simples: se eu namoro, me prendo a Santos e não faço quase nada disso que está aí em cima. Tempo livre vai ser pra namorar, viagenzinhas sem-graça com namorado pq vai ser fd achar alguém tão disposto a investir nisso quanto eu (viagem eu não acho que é despesa, pra mim é investimento). E também acho que o mercado local está falido e que ninguém vai me interessar a ponto de eu me apaixonar tão cedo. Estou muito "dura" depois que voltei de viagem. Tudo é altamente sem graça, inclusive as pessoas. Tentei mais uma vez afastar o Yuri de mim na terça-feira, mas eu não sei pq, tenho uma pena de ser grossa com ele do kct. E por fim, ele gruda no meu pé, me irrita, mas eu não consigo dar um corte. Não o vejo como homem, mas também não o vejo como uma má pessoa. Mas já coloquei na cabeça que meu próximo namoro é para casar e ter filhos, mas não me vejo casada com ninguém.

Eu preciso de ajuda. E preciso dar um rumo na minha vida. E não sei que direção tomar. Estou caminhando a passos largos rumo aos trinta anos e hoje tenho menos certezas do que tinha aos quinze. O mundo abriu e abre várias portas e janelas, e eu estou sempre em cima do muro para fazer escolhas. Sempre odiei pessoas indecisas, e agora descubro que eu mesma sou a mais indecisa das pessoas e o pior: nas situações em que se deve ser o mais decidida possível.

Alguém tem uma bússola sentimental para me emprestar???

terça-feira, 13 de abril de 2010

Depressão pós-viagem


Não tenho me sentido muito legal comigo mesma nos últimos dias...

Muitos conflitos internos me atazanando, logo eu que jamais me via morando fora do Brasil, agora só penso nisso...

Tudo aqui tem parecido muito monótono, muito igual, meio que morto para mim que sempre fui muito cheia de vida.

Tenho me sentido triste. Vejo no meu MSN pessoas que eram muito minhas amigas e de uma hora para a outra se afastaram... Sem brigas, sem ofensas, simplesmente se foram... Reflexos que eu já senti no meu aniversário e que me fizeram muito mal... Me dói um pouco ver tantos nomes e sentir que há tão poucos vínculos...

Os amigos de sempre - os do peito, com quem eu sei que posso contar - são cada vez menos. Uns porque estão longe, outros ocupados em seus relacionamentos e problemas pessoais. Doeu um pouco quando voltei e não ouvi das pessoas que eu esperava pelo menos um "senti saudade de você".

Estou de coração vazio de amor. Isso não é bom. Mas o vazio que me dói mais é do amor dos amigos novos, das amizades que pareciam estar se fortalecendo. Muitas eu preferi isolar (a falsidade me incomoda), mas outras me decepcionaram muito.

Viajando, pelo menos eu me sentia plena de experiências novas, coisas novas a absorver e aprender todos os dias. Hoje só aprendo algo se quiser estudar (algo de que nunca fui muito fã), e não vejo perspectivas em nada do que faço.

Estou ficando com medo. Medo de tomar decisões erradas. Estou envelhecendo para ser mãe, não tenho mais muitos anos para errar como eu tinha antes. Tenho tentado manter o foco na faculdade, tomar uma decisão adulta, mas aqui dentro tudo tem me incomodado tanto!

Estou ficando cansada. Cansada de tentar e não sair do lugar. Cansada de me doar a pessoas que nunca me correspondem. Cansada de esperar por alguém que talvez nunca chegue. Cansada de ser feita de trouxa por pessoas de quem eu gosto (ou gostava). Cansada das mesmas aporrinhações de todos os dias.

Certas coisas têm-me sido um tapa diário na cara. Trabalhar é cada dia pior, ainda mais quando se sonha mais longe. Em contrapartida, fica mais em xeque o meu retorno pro banco. Se vou agora, não viajo no ano que vem e minhas finanças se complicam mais. Se fico onde estou, piro porque não suporto mais. E se vou para o banco, teria que jogar pro alto algo que tanto quis - e como não sou mais a mesma de antes, fica a dúvida se consigo voltar daqui a mais quatro ou cinco anos.

Talvez mudar de cidade já me aliviasse. Estou cansada de monotonia, de tudo. Quero mudanças, e mudanças concretas! De círculos de convívio, de emprego, de estilo de vida, de casa, de idioma, de sentimentos.

Preciso de uma "consultoria especializada" para me orientar. Estou confusa demais!

E tudo que eu mais queria nessas horas era um colo para me aninhar, um colo que me desse a (ainda que falsa) sensação de segurança. E um pouco de carinho gratuito. Faz tempo que não ganho, estou carente. Sinto-me uma adolescente num corpo velho, uma mente adulta que sabe que está acabando o tempo para apostar sem comprometer sonhos maiores e um desejo quase infantil de ganhar o mundo. Mas como ganhar o mundo sem ao menos uma base sólida na qual eu possa investir?

Dúvidas. Medos. Carências. Saudades. Sonhos. Como lidar com tantos conflitos ao mesmo tempo?