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quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

A difícil e racional escolha

Hoje eu consigo entender um pouco melhor a Suelen e o porquê ela afundou por um relacionamento de dois meses.

Ontem me vi obrigada a tomar a decisão que há tanto protelava. Ontem me rebaixei ao último degrau da minha dignidade e ao enxergar a realidade da minha insignificância para o Luiz, eu acordei. O deboche dele diante da minha mágoa foi um soco no meu estômago para me mostrar que eu não tinha valor nenhum para ele, e que eu estava lutando e esperando coisas que ele não tem para oferecer.

Eu enxerguei que estava tentando me convencer de coisas que ELE deveria tentar me convencer!

Eu descobri coisas terríveis sobre ele. Coisas que ninguém aceitaria. Em vez de enxergar isso, ele manipulou todas as situações e me culpou, e eu aceitei e engoli e permiti... E fui permitindo que ele me agredisse, me torturasse psicologicamente e quase acreditei que realmente eu era culpada por tantas coisas.

O duro golpe que levei foi a coragem que me faltava para dar um ponto final nisso. Não está sendo fácil. Se eu disser que não choro, que não sinto, é de uma hipocrisia ímpar. A diferença é que agora eu enxergo com mais clareza tudo que estava acontecendo e a que eu estava me sujeitando, e o choro agora é mais de decepção do que de saudade.

Não quero nada daquilo de volta. O que eu gostaria que existisse, nunca existiu. O meu choro é por ainda desejar o impossível, e ter plena consciência disso.

De novo errei. De novo me iludi. De novo me fudi.

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Muitas dúvidas, não consigo encontrar as respostas

Não sei o que me prende a este relacionamento fracassado, a estes respingos de um amor encoberto pelas mil sombras fracassadas de um passado confuso, tumultuado, cheio de segredos e de incoerências.

Não somos capazes de respeitar os limites um do outro, nem de aceitar a individualidade de cada um. Não conseguimos resolver nossas diferenças, nem chegar a um ponto pacífico.

Não ouço elogios. Só críticas. Tudo tem defeito, em tudo estou errada.

Ainda assim, insisto. Fico querendo me convencer de que isso pode ser uma fase de adaptação, de que preciso ser mais tolerante, de que não existe felicidade pura na transparência absoluta.

Pergunto-me todos os dias o que meu pai me diria, se estou perdendo meu tempo ou tentando me enganar. Sei que somos humanos e que temos uma faceta a cada núcleo de convivência, e fico tentando me agarrar à imagem do núcleo que me compete. Mas conhecer o todo é deveras decepcionante e talvez, irreversível.

Vejo-me insegura, instável, irritada. Não mais me reconheço - convivo com uma Larissa que eu mesma desconheço. Creio que seja a carência com a qual me agarrei logo após a perda do homem mais importante da minha vida.

Sinto-me sufocada, controlada, pela mesma pessoa que reclama exatamente das mesmas coisas. Sinto-me agredida, criticada, desrespeitada.

Quis insistir por esta viagem, achando que alguns dias juntos pudessem renovar nossa relação. Foi um erro. Talvez eu devesse mesmo ter vindo sozinha, pra renovar meu próprio autoconhecimento e pra tentar reencontrar a minha paz.

Sou constantemente comparada, afrontada, por vezes até ridicularizada. E condenada por algo que eu não fiz. E me pergunto que diabos está acontecendo comigo, que ainda não botei um ponto final nessa merda toda!!!

Eu sei as respostas. Só não tenho coragem para as ações. Logo eu, que sempre fui tão objetiva nas minhas atitudes, agora me vejo confusa como uma adolescente.

Preciso de coragem. Não tem mais conserto. Não tem mais o que remendar.

Quando o pedido é sincero, o Universo atende!

Um dia, no auge do meu desespero durante a doença do meu pai, esgotada física e emocionalmente, eu já não aguentava mais ouvir a frase "você tem que cuidar da sua mãe". Não porque eu não tivesse ciência disso, mas porque eu me sentia completamente sozinha - as pessoas se utilizavam deste jargão para se esquivarem de qualquer participação ou responsabilidade, eu estava longe dos meus amigos e com a minha família feliz sendo atingida a duros golpes, sem nada que amortecesse nossa queda.

Um dia, um dos meus melhores amigos me disse a mesma frase ao telefone, e eu num desabafo disparei "pois é, todo mundo só sabe me dizer que eu tenho que cuidar da minha mãe, eu só quero saber quem é que vai cuidar de mim!". Eu não estava cobrando isso dele de forma alguma, mas foi uma pessoa com quem eu consegui dizer o que sentia, sem medo de julgamentos. Isso foi sincero, profundo, uma fração de minuto onde externei o que me feria a alma.

E o Universo me atendeu. Às vezes tenho muitos medos: de ser algo que se esvaia tão rápido quanto chegou; de que eu esteja sendo iludida - ou me iludindo, transferindo expectativas minhas e potencializando algo não tão significativo assim; de que um dia ele seja obrigado a fazer escolhas que me excluam da vida dele; que eu tenha que conviver eternamente com a sombra do passado dele.

Seja como for, pela primeira vez na vida eu me senti CUIDADA - porque eu só tive relações infantis, onde eu era a bengala em que o outro se escorava. Alguém que me leva em casa, me protege na calçada, acorda de noite e enxuga minhas lágrimas. Talvez tudo isso seja efêmero; talvez tenha recebido a bengala que me enviaram pra conseguir dar os primeiros passos; não sei. Só sei que a presença dele me alivia a alma, me alegra, me faz rir, me faz feliz.

Quando fiquei solteira, há quase 9 anos, eu prometi que não levaria alguém na minha mãe que não valesse a pena, e que não assumiria namoro com alguém com quem eu não me visse junto por muito tempo. Mantive minha palavra.

Seja qual for o motivo pelo qual veio, se alguém enviou e quanto vai durar, tem me feito bem, e sou somente grata - muito grata!

domingo, 8 de abril de 2018

Um turbilhão de emoções contraditórias e complementares

Tantas coisas aconteceram e não escrevi.

Tantas coisas que mudaram minha vida, meu 2018 começou catastrófico e negro. Sentia-me num vazio que sugava qualquer energia minha, parei o que pude pra ter os últimos momentos do meu pai, Luz da minha existência, antes da nossa separação. Eu quis acreditar num milagre, num erro médico, mas ele não veio. Meu pai desencarnou e eu fiquei.

E fiquei sozinha. Não sem amigos, mas cada um me dedicava um pouco de seu tempo como podia, e nem sempre isso era suficiente. Eu também não podia ficar com eles porque não podia deixar minha mãe - fiz uma promessa ao meu pai, já no leito de morte, de cuidar dela.

Não sei descrever o que eu sentia. Saudade, dor, medo, responsabilidade, tristeza - uma tristeza profunda, cruel, voraz, que me engolia e me amarrava. Eu não sabia como seguir adiante, mas sabia que precisaria fazê-lo - era isso que meu pai ia querer, como a vida inteira ele quis pra todos que amava.

Mas o mundo não parou pra eu chorar tudo o que eu precisava. As férias que eu pedi às pressas, e que me deram o tempo que restava do meu pai, as primeiras semanas pra cuidar da minha mãe e de mim, logo acabaram. E eu tive que voltar pra minha realidade louca e agressiva, cheia de gritos, ataques, cobranças, horários, e-mails. 

Não voltei bem, era impossível. Voltei pq era necessário. Passei semanas fora de rotação, sem saber direito como trabalhar, sendo levada pelo que aparecia. Chorando com clientes que eu não conhecia, mas que estavam passando ou já tinham passado pela mesma dor que eu. Expondo para estranhos o quanto sangrava o meu coração, porque eram os anjos do Eloy que me vinham pra aliviar um pouco o coração. A palavra "câncer" nunca mais soou neutra pra mim - ela passou a ser uma ferida aberta, um gatilho que despertava um lado humano que eu sempre escondi.

E no meio desse tumulto, dessa fase tão confusa, dessa loucura, quando estava prestes a fazer um mês que perdi meu pai, mais uma pessoa veio até minha mesa reclamar, e mudou totalmente o curso em declive no qual eu me encontrava. Uma pessoa que, como eu, também chorava a perda de quem amava para o câncer - uma perda também recente, uma história de luta e de angústia que durou 3 anos e que terminou no mesmo dia em que, naquela sala da Beneficência Portuguesa de SP, eu soube que a partida do meu pai estava muito, muito próxima. Uma pessoa que não ouviu meu desabafo com a mesma doçura que eu estava falando, pq naquele momento tudo meu era empatia e dor, mas que mesmo assim o trabalho me fez manter contato por uma pendência que aconteceu durante minha ausência.

E esse contato gerou um elo pelos próximos dias, semanas. E que eu não sabia nem queria lidar, a ausência do meu pai era o Sol da minha existência (ou melhor, sobrevivência) naquele momento. E tentei repelir, mas em vez de ir embora, ele ficou. E veio com todas as qualidades que eu pedia tanto - alguém que me escutasse, que me transmitisse sabedoria, que fosse o homem da relação, que cuidasse de mim.

E comecei a me permitir me sentir feliz. Me sentir cuidada. Não sei se meu caminho pra conhecer alguém ficou bloqueado pra que eu pudesse cumprir meu resgate com o meu pai ou se enviaram alguém pra cuidar da gente, pra que o meu pai em espírito possa seguir o caminho dele. Talvez eu só saiba essa resposta em outro plano. O fato é que ele me tirou daquela espiral descendente em que eu me encontrava e me proporciona momentos da mais profunda felicidade. Plena. Completa. Com admiração, com carinho, com companheirismo. 

Tudo hoje é muito intenso, muito recente, muito forte. Talvez quando essa fase terminar, o coração assentar, um de nós perceba que não era bem isso. Mas o fato é que, hoje, a presença de um na vida do outro tem nos ajudado a seguir adiante.

Voltei para a terapia na última quinta-feira. Com a Scatena, claro. Sinto que muitas caixinhas estão fora do lugar e preciso de ajuda para organizá-las novamente. Estou feliz, mas a falta do meu pai ainda é enorme. Dizem que nunca vai passar, e eu já estou começando a aceitar que realmente não passa. Ninguém jamais vai substituir meu pai. Mas o que ele mais queria era que eu fosse feliz e que minha mãe e eu nos entendêssemos, e isso está acontecendo.

Pai, a gente vai ficar bem.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Ah, Pai! Por que meu pai???

Nunca imaginei que um dia escreveria sobre isso. Sempre acreditei que o câncer não entraria em nossa casa. Mas ele entrou, sem convite e sem avisar. E quando nos demos conta, a casa já era dele.

Ah, pai! Como eu vou sentir sua falta! Como eu vou ficar perdida sem você pra cuidar de mim, do meu carro, do meu juízo! Sem você pra me aconselhar com sua sabedoria nos meus rompantes de ira e destempero.

Ah, pai! Você prometeu que ia cuidar da minha mãe, que ainda ia comigo conhecer o mundo, que ia parar de trabalhar pra conhecer Portugal com a mãe. A gente queria levar o Rômulo pra viajar, voar, ganhar esse gosto que nos unia.

Ah, pai! Quem vai ficar puto com o Santos comigo agora? Com quem eu vou discutir tabela, perguntar como mexer na escalaçao e falar palavrão em coro?

Ah, pai! Quem é que vai reclamar que meu carro tá imundo, tirar sarro porque meu carro é de bate-bate, brigar de quem é a vez de dirigir? Quem vai comigo na drenagem, dividir vaidade dos cabelos brancos, dos perfumes, dos relógios?

Eu tenho tanto de você! Tanto pra me lembrar! Você me fez a pessoa que eu sou, até quando foi contra mim. Você me ensinou a me defender, a não ser feita de capacho de homem nem aceitar ser maltratada. Você me ensinou a dirigir, me incentivou a viajar sozinha, conhecer o mundo. Soube me dar asas sem que eu perdesse a razão. 

Saber que eu te dei orgulho nessa vida me fez tão bem! Que você confia em mim, que você me viu conquistar meu cantinho. Me doeu tanto, tanto, tanto quando você me perguntou "eu FUI um bom pai???".

Ah, pai, você não foi. Você É! Você vai ser pra sempre o melhor pai que eu podia ter. O que vivemos de ruim ficou pra trás, pouco me lembro. Eu tenho orgulho das tuas batalhas, das tuas vitórias, do teu progresso como ser humano. Da tua sabedoria, das pessoas que você ajudou, das marcas que você deixou em todos os lugares por onde passou.

Ah, pai! Eu não aprendi ainda a ter a tua nobreza de alma. Tenho dificuldade em perdoar, em relevar, e me ressinto de muitas pessoas nesse fim de jornada nossa neste plano aqui  

Ah, pai! Como foi difícil te ver agindo como a minha avó Maria com o pôr-do-sol, sentado nos gestos da minha avó Lourdes, com a rebeldia do meu vô Osmar. Não sei te explicar o amor que sinto quando você me olha falando coisas sem o menor sentido e eu sorrio e entro no embalo. As palavras não são suas, mas eu sei que em algum lugar você ainda está ali. Ainda é a mesma pessoa que eu sempre amei, embora seja tão diferente. E esse amor me dá paciência pra repetir, e divagar, e tentar te acalmar.

Ah, pai! Perdoe-me, menti pra você. Muitas vezes nestes últimos dias. Eu não tive coragem de te falar tudo o que eu sabia. Também não consegui fingir tão bem que nada estava acontecendo. Nós tentamos, pai, uma cura pra você. Mas você sofreu e nós falhamos. E agora, ainda é difícil abrir mão do nosso egoísmo e te confortar. Falta-nos força.

Essa vai ser a nossa oração. Eu não quero que você sofra quando você fizer a sua passagem. Nós tínhamos essa dívida, esse resgate. Essa é uma vitória nossa. Nossos espíritos evoluíram. Eu sei que a minha avó e outras pessoas estarão te esperando. Eu quero que você vá com eles, se cuide, se recupere. E quando você puder, quando te for permitido, volte. Quero sentir seu abraço de vez em quando. Quero matar a saudade um pouco. Quero recuperar a força pro tempo que eu ainda vou ficar aqui sem você. Porque eu sei que quando for a minha vez, você vai me esperar, me amparar como fez por toda a vida.

Eu te amo, pai. Um amor tão profundo que eu acho que valeu pelo que eu te devia. Eu chorei e choro por você todas as lágrimas que da outra vez eu não tive. E eu vou continuar cumprindo minha missão aqui, e eu sei que você vai continuar me ajudando.

Amo você. Amo você. Amo você. Amo você. Não me canso de dizer o quanto eu amo você.