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sábado, 27 de julho de 2019

Fim!

Você entrou na minha vida em meu pior momento de fragilidade, totalmente entorpecida pela dor.

E se mostrou algo que não era, e eu cri. Achei até que, por alguma razão de um ser superior, você me tivesse sido enviado para me ajudar a caminhar, porque continuar sozinha estava muito difícil. Rá!

Você deu sinais. Eu preferi me iludir. Descobri um passado sórdido, podre, infiel e egoísta, mas quis pensar que toda a dor que você alegava ter vivido pudesse ter de fato mudado sua essência. E eu dava novos votos de confiança, me agarrava a pequenos gestos.

Sentia falta de te ouvir falar de sentimentos. Comecei a me contentar com cada vez menos. Tentei me sentir preenchida pela tua simples companhia e diversão. E achei que fosse somente a paixão se abrandando para um estágio mais maduro, mais brando, baseado no companheirismo que eu buscava há tantos anos.

E vieram as brigas. E fui cedendo à cegueira, porque a dor da separação me trazia à tona tudo que senti quando meu pai se foi, e me achava incapaz de continuar sozinha. Tive medo de te perder como jamais tive de ninguém.

Mas a gente não perde o que nunca teve. 

E eu nunca te tive por inteiro. 

Eu me doei de corpo e alma para sua vida, seus problemas, sua rotina. Parei meu mundo, porque ele passou a ser você. Não me reconheci, não sei quem eu era. Mergulhada em tantas turbulências, veio a doença, o diagnóstico inesperado, a subestimação da mente insana em sua clareza e racionalidade. E eu esperei que você seria meu companheiro nessa jornada.

Mas tantas falhas, tantas brigas, tudo isso quebrou a confiança em você há muito, muito tempo. E se falhei em promessas que fiz sobre confiar, foi porque lá no fundo eu sabia quem você é - mas não tive coragem de te tirar da minha vida até que houvesse algo incontestável, que me desse força pra romper esse vínculo com a doença que se tornou esse sentimento dentro de mim.

E você me deu. Numa manhã em que agimos como uma família - você, sua filha e eu, resolvendo problemas de Imposto de Renda, fazendo compras, almoçando. 

Você me esperou sair com destino e compromisso certo para sair também. E no retorno pra casa, fez seu desvio. E na minha chegada, estava oculto em lugar seguro e quis me manipular de novo. E eu quis acreditar. 

Você me deu o que eu precisava. A coragem que eu não tinha. A certeza de que não estou sendo injusta e de que meu discernimento não está comprometido. Sempre disse que só não perdoaria agressão física e traição - e mais uma vez, eu fui traída.

Não te desejo felicidade - toda a compaixão que você tem pelos animais, não tem pelos seus semelhantes, e a tua felicidade arrasta quem está contigo para um antro de muita dor e decepção.

Desejo, sinceramente, que você encontre alguém ingênua o suficiente para acreditar nas suas mentiras e ser feliz assim. Essa mulher jamais será um décimo do que eu fui na sua vida - mas você nunca mereceu uma mulher como eu!