Pesquisar este blog

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Não sei nem que título colocar...

Olhando meu Blogger, descobri que minha última publicação (que ainda estava em rascunho, embora quando eu li tenha achado que estivesse pronta) foi na internação do Nascimento.

De lá pra cá, muita coisa mudou - o Nascimento para morar com os filhos em Taubaté, a minha avó para a clínica, inclusive eu que fui a Peruíbe e voltei.

Mas infelizmente, muitas coisas permanecem iguais - e uma delas é a minha mãe. A convivência com ela está cada dia mais insuportável, estou cansada de ser espezinhada, afrontada, quando não humilhada na frente de outras pessoas. Comprei um apartamento há pouco mais de dois meses, ainda estou reformando, mas agora ele está completamente sem condições de habitabilidade - senão certamente eu já estaria dormindo lá, deitada em qualquer colchão no chão duro.

Ontem foi meu aniversário de 33 anos. E eu não tive vontade NENHUMA de comemorar - muito pelo contrário: propus um cinema (que é algo que eu nem gosto) só para não ter que atender telefone nem fazer social com as pessoas ou ouvir mais bosta da minha mãe.

E hoje fui afrontada mais mil vezes, humilhada na frente da Marta aos berros de "você mora lá na Afonso Pena" (eu não me mudei ainda, infelizmente). Embora eu saiba que em mais 30 ou 40 dias se Deus quiser eu não serei mais obrigada a aturar este tipo de coisa, a cada dia eu sinto mais vontade de chorar, de sumir de tudo e de todos.

Desde quando machuquei o pé (tive uma entorse de grau "2 a 3" na véspera do feriado da Proclamação da República, no boxe, pulando um pneu, e ganhei meu primeiro afastamento pelo INSS da vida), eu percebi o quanto eu sou uma pessoa absolutamente sozinha neste mundo. Pela primeira vez, eu senti SOLIDÃO. Eu não tive UMA pessoa sequer que me oferecesse qualquer tipo de ajuda que fosse, muito pelo contrário - ao pedir carona pro meu pai, ele veio com um papo de "o seu tio Cima vai te dar uns toques porque ele teve a mesma coisa que você e disse que ia até pra São Paulo assim". E quando bati o carro porque ainda não estava dirigindo "com naturalidade" com a robofoot, ainda tive que ouvir piadinhas de que sou barbeira.

Da minha mãe, embora o nosso convívio seja intragável, mas pelo fato de ela estar numa fase de transição (aposentadoria em 20/12/2016) e eu ter dado todo o tipo de suporte que estava ao meu alcance (limitado pelo tornozelo), eu esperava PELO MENOS ajuda do tipo "precisa de algo do mercado?" ou "vai cozinhar? eu te ajudo.". Não. Mais uma vez eu tive que me virar sozinha, e uma vez pra guardar as compras tive que literalmente me sentar no chão pra organizar o armário (abaixar ainda é o movimento mais difícil pra mim, começo a fisioterapia nos próximos dias) e ela em vez de me ajudar, soltou um "pronto, lá vem você bagunçar meu armário de novo pra depois eu não achar mais nada!" (mas guardar as compras não quis).

Dos meus amigos, descobri que só posso contar com eles nas horas de diversão. Na hora do aperto, não pude contar com ninguém, salvo raríssimos momentos.

Por conta da entorse, eu tive muitas dores no quadril do lado oposto ao da lesão, por compensar o peso do corpo. E isso foi o gatilho para que eu procurasse uma nova dieta. A minha mãe me infernizava há meses para "fazer alguma coisa", mas quando eu fiz, qual foi a primeira coisa que ela disse? "Você é quem vai cozinhar, né?". Não é nem por cozinhar - eu realmente já pretendia - mas sim pela demagogia de dizer aos quatro ventos que me apoia e ser a primeira a tirar o corpo fora. Pior do que não cozinhar, é o inferno que ela faz quando EU preciso da cozinha - tudo que eu compro para EU usar (potes, frigideiras, comida), ou ela usa, ou se apropria, ou expulsa e me faz levar lá pro meu apartamento, ainda em reforma.

O que tem me machucado demais foi perceber que as pessoas não têm tempo para mim - sem exceção. Estão todos focados demais em seus próprios umbigos, enquanto a idiota aqui quando não se preocupa com os problemas dos outros é chamada de egoísta e ingrata (sim, meu pai disse isso pelas minhas costas, que sou ingrata porque ele me deu "um carro" - preferi fingir que não chegou aos meus ouvidos pra não discutir que isso foi mais uma promessa quebrada, porque quase 20 anos atrás eu ganhei um apartamento e depois eu "desganhei").

Pela primeira vez na minha vida, acho que estou em depressão. De verdade. Nunca achei que um dia fosse falar isso de coração, ou que fosse ceder a isso, mas eu deveria estar radiante com o meu apartamento e tudo que eu sinto é ansiedade, angústia e SOLIDÃO - eu nunca tinha sentido isso, talvez um pouco em Peruíbe mas lá eu REALMENTE estava sozinha, mas sempre dava um jeito de me distrair.

No primeiro dia depois do meu aniversário, a única coisa que eu quero é chorar - e é o que eu estou fazendo agora. Ontem eu tive essa mesma vontade, mais a intolerância, mais um monte de outros sentimentos confusos, mas pelas aparências eu ainda tentei manter.

Acho que hoje eu entendi porque as pessoas se casam - quando a gente se percebe rodeada de pessoas que não te enxergam, ter alguém pra dividir um teto pode ser bastante reconfortante. É irônico como eu procuro fazer a leitura de todas as pessoas e me fazer presente nas horas mais difíceis, mas há meses e meses eu estou numa fase DE MERDA, sem autoestima, sem perspectivas, desanimada, carente e NINGUÉM ENXERGA!!! Eu devo ser muita boa em me esconder atrás de uma imagem - ou as pessoas estão pouco se fudendo pra mim e não são capazes de dedicar 3 segundos para REALMENTE me notarem.

Hoje, primeiro dia depois do meu aniversário de 33 anos (dia 3, numa terça-feira - mesmo dia da semana em que nasci), o mundo está completamente sem propósito pra mim. Eu não posso pará-lo, nem consigo parar pra me encontrar. Estou perdida e não posso contar com mais ninguém. E preciso de ajuda, mas não sei onde buscá-la.