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sábado, 27 de junho de 2009

A última punhalada!

Que ironia... Criei este blog há pouco mais de 5 meses... Pelo mesmo motivo que escrevo agora... Mas nunca cheguei a preenchê-lo. Afinal, relatar a própria dor pode ser muito mais doloroso do que parece, ainda que pela internet. Escrever sempre me fez bem. Recordo-me de quando era adolescente e gastava horas do meu dia escrevendo mil poemas que nunca deixei ninguém ler. Nunca quis que ninguém lesse, queria apenas colocar para fora o que meus amigos da mesma idade jamais entenderiam. Bem ou mal, sempre me ajudou. Quem sabe resgatar este recurso não me ajude? Eu achava que já conhecia as piores dores e a mais inusitada das atitudes descontroladas. Mentira. No meu ranking, os piores dias da minha vida: 1º) "A" briga com a minha mãe 2º) 26/06/2009 3º) 22/08/2004 Eu achei, na minha maneira arrogante e simplista de buscar sempre a resposta mais óbvia e prática, que a pior dor de amor era a de corna - nada pior do que saber que o SEU alguém preferiu outro alguém, certo? Pois é. Descobri hoje que não é. A 2ª maior dor do mundo, sem dúvida, é a dor de amor. Amor que não foi integralmente vivido, que seja lá por qual motivo, foi uma história que parou nas reticências e não se sabe se o nanquim acabou ou se a história. Amor que se sonhou, esperou, amor ao qual você se doou por inteiro e a vida te ceifou a concretização de tudo aquilo que você sonhou. Hoje eu entendo porque fiz tantas pessoas sofrerem. Tenho a consciência tranquila de ter feito o melhor em relação a elas, mas entendo também o que sentiram quando eu, friamente, dizia o meu clássico "não tá dando mais, mas você não me fez nada, eu que realmente estou me sentindo diferente". Pela Lei do Retorno, já sofri algumas vezes deste mal - e quase todas as vezes em que sofri, foram com a mesma pessoa. A 1ª pior dor do mundo eu descobri ontem, às 10:06, sem aviso nem complacência, sem piedade ou consideração: descobrir que o SEU alguém diz o que há tão pouco tempo eram palavras PARA VOCÊ a outro alguém! O trabalho que era tão importante naquele momento foi ignorado, deixado jogado sobre a mesa bagunçada enquanto eu, descontrolada, ofegante, enfurecida, descia para queimar nas cinzas do cigarro um pouco do meu ódio e da minha dor. E no meio de tanto ódio, nasce tudo aquilo de podre que a gente sabe que tem, mas guarda num cantinho porque é feio e faz mal. Não sei colocar numa sequência lógica tudo o que se passou na minha cabeça naquela fração de segundo e que foi se complementando ao longo do dia - que, aliás, nunca pareceu TÃO longo! Me senti uma imbecil! Eu do meu lado, acreditando que ele ainda pensava em mim, ainda perguntava por mim, e ele de lá dizendo que queria beijar outra boca, abraçar outros braços, amando outro alguém que não era eu, e o único "errinho" foi ao trocar um número... E ver que em menos de 120 caracteres, se escreveu algo que há meses não se dizia a mim. Nesse instante, o ódio se juntou à revolta de se sentir usada durante tantos anos, à inveja de não ter sido EU a verdadeira destinatária daquilo que eu tinha acabado de ler, a sensação de que se foi aviltada, afrontada, insultada, e não conseguir manter a indiferença e jogar 45 dias de "blasé" no vinagre! Quem era ele quando nos conhecemos? Ninguém. Sem emprego, sem profissão, sem formação, sem ambições - leia-se um e.g. e a definição "alguém sem futuro nenhum pela frente". Eu estive ao lado dele em todos os momentos, das dúvidas às decisões, dos desafios aos sucessos, sempre enfrentando os fracassos, agredindo a mim mesma com noites em claro e problemas de saúde dos mais diversos para dar a ele algo que eu sempre tive e não precisaria me preocupar. Mas eu, como toda mulher (burra!), abri mão da minha vida para "ajustar" a dele. Amigos, convívio familiar, juventude, ambições pessoais... Hoje entendo porque existe a expressão "você é meu sol" - minha vida girava em torno dele, não importava o quão longe estávamos, do papel higiênico ao tênis de marca tudo era o que ELE queria, o que ELE precisava, e eu fui me acostumando a me anular. Afinal, o segundo assunto preferido dele era me cobrar casamento (algo que no tempo dos meus pais se PROPUNHA, no dos meus avós se PEDIA, e no meu se COBRA) - a propósito, o primeiro era falar mal de mim! Enfim, era o segundo assunto preferido dele, mas eu não tinha condições e também não concordava em sustentá-lo. Queria que ele amadurecesse, caminhasse com as próprias pernas para ter orgulho de si mesmo e de suas conquistas, para então juntar a minha vida com alguém que também pudesse almejar às coisas que eu também queria. Aí, eis que vem o cara - te dá um pé na bunda sem explicação, pelo MSN e ainda te diz que tem uma puta consideração por você. A trouxa aqui, chorando, e tentando finalmente aceitar que não tinha mais volta. E surge então o terceiro alguém. Não te roubou a pessoa em si, porque essa já não se tinha mais. Te roubou o direito de sonhar com a saudade alheia. Pegou todo o pacote ali, talvez não prontinho, mas muito mais lapidado pelas minhas mãos e meu coração cheios de cicatrizes pra se chegar até ali. E aquilo tudo que vc lapidou, todos os melhores anos da sua vida que você dedicou (e desperdiçou) em prol do outro, são entregues de bandeja para alguém que jamais enfrentaria mundos e fundos como você fez. Alguém que não perdeu NADA, não arriscou NADA, mas vai colher todos os frutos das sementes que você plantou. O duro de superar é que eu sou a Larissa. O "cheia de vida" tem, por subtítulo, o aviso em vermelho "emoções sempre intensas". A vida me ensinou sempre o lógico, puro e simples. Eu sempre "gostei" ou "detestei" alguém ou alguma coisa. Nunca soube ser indiferente. E no amor também não consigo ser diferente. Aliás, me dôo mais integralmente do que à minha própria família. Mas sou "contábil" - espero o pagamento na mesma moeda, embora nunca o diga. O que significa que a leitura daquelas poucas palavras foi suficiente para me sufocar de tal forma, estremecer todo o corpo e explodir a cabeça em tão poucos segundos que eu cheguei a pensar que fosse morrer. Ceguei, a minha razão foi ignorada e o ímpeto de telefonar foi tão forte que, quando vi, já estava ligando! Aí veio a terceira dor: ouvir do outro lado que o SEU alguém, apesar de todos os esforços, toda a dedicação, todo o seu querer, quer estar com outro alguém! Estou destroçada, arrasada... Partida em mil pedaços... Pensava que jamais sentiria novamente o que senti quando terminei com o Sandro... E descobri que sou capaz de me sentir MUITO pior do que naquela época! Na verdade, comparando com o que estou sentindo, aquilo tudo parece que jamais me atingiu, que a dor daquela época era como um arranhãozinho de criança que cai da bicicleta. E hoje, me sinto atropelada por um ônibus. Achei que, com a "maturidade", com todos os desafios que superei (e ainda supero), com a cabeça que eu tenho (ou tinha, já não sei mais), eu teria mais controle sobre minhas emoções. Na verdade descobri que, a cada dia que passa, sou mais intensa nos meus sentimentos. A cada dia, me dôo mais, me arrisco mais, sonho mais... Não gostava de quando eu era uma pessoa fria, que nada sentia, mas também não consigo achar a porta para me tirar de onde estou agora. Ainda estou aprendendo. Um dia eu chego lá.