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domingo, 28 de março de 2010

Isso era dia 21, tá?

Hoje é domingo, são 14:30 aqui em Punta Cana.

Eu disse que faria várias coisas pra manter todo mundo informado, mas as coisas saíram bem diferentes do que eu pensei.

Primeira coisa diferente: TUDO aqui é absurdamente caro. Eles não exploram o turismo, exploram o turista!

Exemplos: 6 dólares por meia hora de internet, 30 dólares por dia se eu quiser conexão wireless, um táxi pra qualquer lugar não custa menos do que 30 dólares. O que, no fim das contas, quer dizer que eu não saí do resort tanto quanto gostaria, não mantive todo mundo informado também e mesmo assim já gastei mais da metade do dinheiro que eu trouxe.

Outros exemplos: 25 dólares por um boné ou por uma camiseta infantil, qualquer passeio custa pelo menos 60 dólares, o cara que filmou o único passeio que eu fiz queria 40 dólares por um DVD que ele só ia descarregar da handycam e gravar.

Quando eu saí do Brasil, o dólar estava girando em torno de 1,75...

A viagem teve muita coisa legal até agora, mas também muita coisa que me deixou entediada ou irritada.

Logo nos primeiros minutos, eu descobri que aqui sou uma rainha. Até o taxista (que me cobrou 35 dólares o fdp pra levar do aeroporto até o hotel) me passou cantada! Aliás, pra ser sincera, já ouvi tanto "você é linda" que perdeu a graça. No primeiro dia era engraçado todo mundo beijando minha mão e perguntando se eu era casada, se tinha namorado e tudo o mais, mas depois começou a me incomodar. A sensação de que está todo mundo te olhando não me deixou à vontade por muitas e muitas vezes.

Bom, relatos da viagem em si: logo na primeira noite, um italiano liiiindo chegou em mim.
Giacomo, 31 anos, comissário de bordo. Perguntou o número do meu quarto e ficou de ligar na manhã seguinte (quarta-feira) porque queria me encontrar na praia. Ele ia dormir e eu, como sempre, ia pra balada.

Balada: o nome é Imagine, a entrada é um castelo perfeito e a balada em si é dentro duma caverna, você dança e vê os morcegos voando de um lado pro outro. Até é legal a balada, mas eu fui lá três vezes, então enjoei.

Enfim: resumindo, na minha primeira noite eu me senti mais rainha ainda, um monte de caras colaram, um deles inclusive roubou minha cigarreira, mas acabei ficando com um menino que estava na mesma van que eu. Willian, 22 anos, venezuelano mas é filho de portugueses e mora em Portugal tb. Tentei achar o cara da cigarreira e perdi a bosta da van por um minuto, mais 15 dólares num táxi...



Quarta-feira: o Giacomo não ligou, também não o vi na praia durante o dia nem no lobby à noite. Fui de novo na Imagine, não fiquei com ninguém e desta vez não perdi a van. Nada de especial, tirando umas européias malucas que usavam micro-saias iguais às cariocas, dançando sem calcinha e se esfregando nos caras. Depois as brasileiras é que são putas...

Quinta-feira: eu ia na Ilha Saona, mas perdi a hora. Vi o Giacomo na praia, ele disse que não saiu do quarto no dia anterior porque ficou mal do estômago. Ele foi pro meu quarto, conversamos... E de novo aconteceu a msm coisa que foi com o Tande! Poha, vsf, tá de palhaçada comigo! Ou eu assusto os italianos, ou não agrado, ou eles têm algum problema ou é a Luara de sacanagem comigo! O cara tinha mó pegada, beijava bem, era lindo... E daí morre na praia? Na hora eu nem me esquentei, achei que ia rolar outras vezes, acabou que nem nos falamos mais... Ele tinha o número do meu quarto, sabia como e onde me achar se quisesse. Nem aqui, nem em nenhum lugar do mundo eu ia ficar correndo atrás. E eu o senti sempre distante, pensando em alguma coisa... Nem o número do quarto dele eu tinha, e foi-se o tempo que eu saía nessas caçadas impulsivas. Sou mais eu.

Sexta-feira: Ilha Saona. Foi FANTÁSTICO! O lugar é lindo, nós fomos de lancha e paramos numa piscina natural. A de Maragogi era melhor, essa nem peixe tinha, mas valeu por conhecer. No grupo que eu fui tinham mais sete brasileiros, um casal do Rio de Janeiro em lua-de-mel e uma família inteira do interior de São Paulo. Fiz amizade com uma inglesa (Jackie) que também veio sozinha e passamos o dia inteiro conversando. Também fiz amizade com um casal equatoriano que mora em New Jersey. A equatoriana eu esqueci o nome, mas ela ficou com meu e-mail pra mandar umas fotos.

Fotos de quê? Simples! A gente voltou de catamarã, eu já tinha tomado umas quatro cuba-libres (acreditem, com rum de verdade é realmente muito bom!) e o animador começou a dançar salsa usando uns passos tipo de axé, e bem fáceis. Daí ele puxou umas seis ou sete mulheres pra dançar lá na frente com ele... Três desistiram na metade da música e, segundo a Jackie, eu fui "the queen of the disco"... Todo mundo parou de dançar e continuamos só nós dois até a hora que ele conseguiu fazer um passo que eu não consegui acompanhar. Eu me diverti MUITO!

Foi no dia desse passeio que eu parei de comer carne aqui. Os "açougues" não tem geladeira, a carne fica pendurada em varais o dia inteiro, peguei nojo. Aliás, de uma maneira geral, eu não gostei da comida e chegou a um ponto que eu estava pulando refeições pra não ter que comer. O peixe tem um gosto estranho, a carne eu peguei nojo, os frutos do mar eu tenho medo de ter alguma alergia ou indigestão. Ou seja, nunca comi tanto frango na minha vida! E mesmo o resto, as comidas são muito gordurosas e não tem gosto de nada.

Como o marroquino disse, parece que tem o gosto de quando a gente tá gripado e não sente o sabor de nada. E a bebida também parece que não tem álcool, vc tem que beber MUITO pra ficar bêbado!

Curiosidades: não consegui tomar mojito, e a primeira coisa que o cara me ofereceu pra substituir foi CAIPIRINHA! Hahahahaha... Eu falei pra ele que não vim de tão longe pra tomar caipirinha aqui! Rs... Cervejas que eu tomei aqui: Brahma e Bohemia! Chinelos à venda? Havaianas! E descobri que talvez nem eles façam conscientemente, mas o sonho deles é serem brasileiros! Na primeira noite que eu estava aqui, era "noite internacional" no lobby do hotel... Samba! O dia que eu jantei melhor era "noite dominicana": arroz com feijão (diferente do nosso, mas era bom) e escondidinho de carne moída (que aqui eles chamam de torta de batata).

À noite, vi o Giacomo e os amigos no bar que tem do lado do lobby, todos de xameguinho com umas garotas que não sei de onde eram. Eu não ia ficar rodeando nem mandando sinal de fumaça, foi qdo apertei a teclinha do "foda-se" e desisti até de dar "bom dia" pra ele.

Mas foi nessa noite (prestem atenção, ainda é só o quarto dia da viagem!) que eu "conheci" o marroquino (nós fizemos check-in juntos e não tínhamos nos encontrado mais). Eu esqueci a bosta do nome, acho que é Nordine. He's gay and we had a lot of fun together (que porra é essa??? Comecei a escrever em inglês e não vi!!!). Traduzindo: ele é gay e nós nos divertimos muito juntos! Ele mora em Boston, tem 28 anos e trabalha no Bank of America.

Na sexta fomos de novo na Imagine (eu já tava de saco cheio de ir lá, mas eu me senti numa prisão ficando tantos dias no hotel e queria sair de qualquer jeito, pra qualquer lugar), e eu tava muito cansada do passeio pra Saona (eu tinha acordado às 5:30), voltei na van dormindo no ombro dele.

No sábado eu fiz uma tatuagem de henna! Um olho de hórus que teria sido lindo se o cara tivesse feito direito. Parece que ele tinha Parkinson, o traço não tá preciso...

Desde sexta que eu tava tentando alugar um carro pra sair daquela prisão, mas pra variar a bosta da internet parou de funcionar e eu não consegui terminar a reserva. Daí no sábado eu desisti de fazer pela internet e liguei pra Avis. Foi caro, mas valeu a pena. O carro mais barato era um Daihatsu 1.3 automático completíssimo, mas descobri pq no Brasil a marca não vingou: o carro de uma maneira geral é uma merda. Se vc não apertar o botão do câmbio automático, ele muda a marcha mesmo assim. Quando eu acelerava, o fdp jogava o giro muuuuito alto e não trocava a marcha.

Quando eu estava voltando da lan house (eu só telefonava pelo Skype) depois de ligar na Avis, vi o Giacomo esperando o transfer dele pro aeroporto. Já com o uniforme do trabalho, estava lindo. Eu tinha que correr no quarto pra pegar o cartão de crédito. Quando voltei, ele já tava colocando as malas na van. Nem nos despedimos, e esse foi o ponto final de mais uma história meio sem explicação.

Mas enfim, foi com esse carro que eu consegui conhecer o Hard Rock Cafe (tava fechando, mas eu tirei a foto! Hehehehehehe) e de noite eu e o Nordine (?) fomos numa balada chamada Mangu! Essa eu adorei! Principalmente um barman que era liiiindo, o único dominicano bonito que eu vi aqui, parecia espanhol, italiano, sei lá.

Coisa estranha nº 1 na Mangu: um gringo lá (esqueci de onde ele era) falou pro Nordine que pagava 20 dólares pra eu transar com ele. Eu lá tenho cara de puta por um acaso??? E das mais fuleiras ainda, fala sério!

Coisa estranha nº 2 na Mangu: tô eu sossegadinha no banheiro, lavando minhas mãos, umas 5h da manhã, de repente eu sinto uma mão apertando a minha bunda. Eu olhei pra trás crente que alguém ia pedir desculpas, uma menina sorriu pra mim e ainda perguntou se eu gostava!!! Que raios!

Aí quando chegamos no resort, eu dei um cartão de visitas pro Nordine com o meu e-mail e achei que a gente ainda ia se ver hoje de manhã. Não nos vimos mais, ele ligou pra me acordar e quando eu liguei mais tarde no quarto dele, ele já tinha partido. Eu fiquei triste, quase chorei. Ele foi um amigo muito legal, eu queria ter dado um abraço de verdade nele antes de nos despedirmos. Se algum dia nos encontrarmos de novo, vai demorar.

Acho que a melhor lição do Vencer que eu pude reviver é para aproveitar as oportunidades porque nem sempre a gente tem uma segunda chance. Não tive com o Giacomo nem com o Nordine. Eu espero que ele não perca meu cartão de visitas e que me escreva, porque ele realmente é uma pessoa com quem eu quero cultivar uma amizade.

Aí como sempre saí em cima da hora, pedi pra alguém do hotel me ajudar com as malas e depois de vinte minutos eu desisti de esperar e fui sozinha arrastando minhas malas. Pontualidade aqui só existe quando é do interesse deles. Quando é do nosso, eles não estão nem aí. Cinco minutos dominicanos são meia hora "normal", e nisso eles se assemelham muito com os baianos: são extremamente lerdos!

Paguei a conta do hotel, peguei o carro e vim pro aeroporto. Já eram 11:45, meu vôo saía às 12:55, eu tava mto em cima da hora. Nem abasteci o carro pra não me atrasar ainda mais. 12:15 eu já tinha inspecionado a bagagem e não conseguia achar a poha da fila, só tinha uma fila gigantesca pra New York e Miami que, se fosse fila única, eu ia perder o vôo.

Não adiantou. 12:25, quando finalmente eu consegui que alguém me ajudasse, a mulher da American Eagle falou que o avião já estava fechado, que eu não ia entrar e que eu deveria estar aqui duas horas antes do vôo, que eu estava muito atrasada. O próximo vôo só sai às 18:10, paguei a taxa pra transferir a passagem e, enquanto a mulher pesava as malas e mudava os documentos, eu comecei a chorar. Foi tanta coisa errada, o abraço que eu não dei no Nordine, a correria pra listar tudo que tem nas malas (porcos americanos malditos que me impediram de entrar no avião e ainda se sentem no direito de revistar minha bagagem), o cara do hotel que não me ajudou com as malas (o meu quarto era perto da praia, mas longe pra kct da recepção), eu que não conseguia achar a Avis pra devolver o carro, e tudo isso pra perder uma tarde inteira fazendo bosta nenhuma num aeroporto que não tem internet enquanto eu deveria estar em Porto Rico, chegar lá também correndo, pegar um táxi em cima da hora de novo... Eu não aguentei. Chorei mesmo. Paguei 11 dólares pra desabafar com a minha mãe, ouvir a voz dela. Juro que cheguei a pensar em voltar pra casa. Eu já tava entediada no hotel, imagina como foi esta tarde pra mim!

Se alguém aguentou ler até aqui, obrigada, eu sei que as poucas pessoas que o farão é porque realmente gostam de mim. Eu escrevi este livro inteiro e ainda não são nem 17:30, por isso tantos detalhes.